sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Vereadores, Sabedoria Grega e Economia

A sabedoria grega diz que “um homem nunca atravessa um mesmo rio duas vezes. O rio não é mais o mesmo. O homem não é mais o mesmo”. Acho que depois de ter visto o que eu vi em Maria da Fé e de ter discutido o que temos discutido nos últimos meses, acredito que eu próprio mudei (mais uma vez). Da mesma forma, posso dizer que “o rio já não é mais o mesmo”.

Considerando que o homem é a medida de todas as coisas, não me permito ver e interpretar o Mundo sem atribuir aos homens sua posição de encaixe em cada intervenção sobre a face da Terra. Talvez seja possível explicar as relações humanas como uma equação matemática. Basta atribuir a cada uma das variáveis envolvidas nessas relações pesos que são maiores ou menores de acordo com o grau de importância de cada variável isoladamente.

Variáveis negativas que eu considero decisivas nessas relações são: vaidade, ganância, soberba, inveja e rancor. Elas são parte do armamentário do ser humano no convívio social. Mas nas cidades pequenas sua importância parece ser potencializada como determinante da vida comum, talvez pelo fato de as pessoas viverem relações mais estreitas, dado o espaço geográfico restrito.

Um exemplo disso é a forma como os representantes de nossa cidade encaram o posicionamento da parcela da população insatisfeita com a seqüência interminável de administrações mal sucedidas. Houve aqueles que tentaram impedir que fossem tiradas fotografias dos infelizes desdobramentos advindos da obra de limpeza do Ribeirão Cambuí, outros dirigiram comentários inoportunos aos que se declaram contrários à conduta política dos atuais governantes. E, como se isso não fosse suficiente, alguns deles insistem em direcionar olhares de repúdio aos que se propõem a exercer sua cidadania.

Não gosto de subestimar as incompatibilidades interpessoais, os graus de inimizade e o histórico de convívio social entre os habitantes, mas acho que isso tudo deveria ser deixado de lado por um motivo razoável: construirmos uma cidade com boa qualidade de vida, melhores índices de escolaridade, políticas sociais concretas e uma economia forte. Contudo, o que vejo são os poderes executivo e legislativo conduzindo uma política administrativa cujas características evidenciam um atraso de no mínimo 40 anos. Continuam a fazê-lo propositalmente, e à revelia de qualquer apelo para que dêem um basta nisso.

Algo inquietante nesse contexto é a saúde da economia do município. É difícil imaginar desenvolvimento econômico em uma cidade de alma agrícola na qual a administração elege o turismo como “carro chefe”. Penso que o turismo deve ser incentivado sim, mas como uma atividade secundária. Mesmo em cidades muito visitadas, que beiram a perfeição arquitetônica e que contam com belezas naturais invejáveis a economia não se restringe ao turismo, mas antes, se presta ao fortalecimento de todos os setores produtivos. O slogan da campanha de Bill Clinton, nas eleições presidenciais de 1992 nos EUA, exprime bem o que eu penso sobre essas coisas. Quando perguntado sobre o que era importante para o futuro da nação, Clinton não hesitava em responder “é a economia, estúpido!”.

Maria da Fé tem problemas crônicos, dentre eles, construções irregulares, pobreza, má conservação das vias e prédios públicos e economia enfraquecida. Parte da responsabilidade por esse estado de coisas é dos vereadores que exercem sucessivos mandatos e que sequer apresentam um projeto relevante ou se manifestam em discussões importantes para o município, sendo capazes de se abster do voto quando apresentar um posicionamento é realmente necessário.

Ás vezes penso que um bom candidato a um cargo público em nossa cidade seria o personagem de desenho animado Homer Simpson. Diante de tantas condutas inapropriadas, declarações esdrúxulas e projetos de conteúdo lastimável, acredito que ele não tardaria em expressar o que eu acho que fica martelando diariamente na cabeça de nossos governantes: “por que que coisas que só acontecem com gente burra ficam acontecendo comigo?”.

Égua Astronauta

"A culpa é minha eu coloco ela em quem eu quiser"
                                                          Homer Simpson