quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Vale a pena relembrar !

FIM DAS TAPERAS; RENASCIMENTO DAS IGREJINHAS E DAS FESTAS

Os Pintos Negreiros não é mais o mesmo. No que diz respeito às casas, ali não se mora como antigamente. E no que diz respeito às igrejas, ali reaparece o que tinha no passado. 

A igrejinha ressurgiu animada por cantos e
rezas pra São Miguel, circundada por
montanhas e pastagens.
Ontem estivemos no bairro São Miguel, na festa da igrejinha de lá. Na verdade, aquilo lá não é mais um bairro. Não tem mais casas como antes. Só a igrejinha velha no meio do pasto. Mas os moradores dos arredores do lugar resolveram arrumar a igrejinha, pintar tudo e fazer festas, novamente.

A festa do último domingo estava animada. Muita gente. Muita moto. Muito carro. Leilão de prendas. Leitoa e frango assados no capricho e bebida de montão. Uma das coisas que atrai muito o pessoal para a festa é a qualidade dos assados. Estava de primeira. Tudo limpo e bem cuidado. Ninguém quer mais coisa suja, ensebada. O cuidado com a higiene dos alimentos atrai muita gente.

Entre a Pedreira e a igreja do Sagrado Coração dos Pintos, há outra igrejinha, no terreno do João Taliano. Foi repintada e está cada dia mais bonita, com as primaveras floridas e os pinheiros ao fundo. Dá gosto de se olhar!

E quem vem dos Pintos para o lado da Barra pode ver, na encruzilhada que vai para o Grotão, uma outra igrejinha antiga, em um morrinho muito vistoso. Ela também está sendo reconstruída pelos moradores e, se não me engano, dedicada a São Sebastião. 

Antigamente tinha um campo de futebol, na baixada, perto da igrejinha. Ao lado, havia também uma casa vistosa. Aquela encruzilhada era animada. Agora, certamente, haverá missa e festa ali. A encruzilhada vai brilhar novamente. 

Isso é muito interessante. As igrejinhas vão ressurgindo. Criam vida, de novo, depois de anos de abandono e de quase desaparecimento. O que significa isso? Significa que, de uma hora para outra, o pessoal se converteu? 

Não, mesmo! Eu acho que significa progresso. Há sinais de que as coisas melhoraram muito para o povo da região, nesses últimos anos. Só falta estrada boa. Ainda há muita pobreza no Brasil, mas por aqui melhorou muito. 

Nos Pintos, não há mais casinhas de barro, aquelas taperinhas perdidas à beira da estrada, nas montanhas e grotões. Tudo agora é de tijolo e cimento. E quem já tinha casa assim, está cuidando de fazer melhorias, banheiro de primeira, forno, pintura nova e até aquecimento solar.

Muitas casas foram feitas e outras reconstruídas. Não há pedreiro que chegue. E só não surge mais construção, porque falta mão de obra de todo tipo. 

Onde chega o progresso, a fé vem junto, cresce e aparece - e as igrejinhas ressurgem. Em outros lugares foi assim também. 

Em Ouro Preto, na época do ouro, as igrejas nasciam umas pertinho das outras. Hoje, quando a gente visita Ouro Preto, vem a pergunta: para que tanta igreja, uma perto da outra? 

Mas era assim: uma família, quando ajuntava muito ouro e dinheiro, queria homenagear o seu santo ou fazer uma igreja mais bonita do que a da família rival. Assim, o ouro fez nascer igrejas como cabelo na cabeça. O que o dinheiro não faz neste mundo? 

Genésio Fernandes
25 Setembro 2011