terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Festival Gastronomico x Semana Santa

Alguns dias atrás estivemos debatendo no grupo do Pasto de Éguas no facebook, uma questão bastante relevante no que diz respeito à religiosidade e à cultura do nosso povo.

Esse debate iniciou-se devido a possibilidade da segunda edição do Festival Gastronômico Azeite e Batata de Maria da Fé acontecer novamente no feriado da Semana Santa, como foi no ano passado, e que, inevitavelmente trouxe o questionamento dos religiosos se a data seria apropriada para este determinado evento.

É desnecessário, mas vale lembrar que a Semana Santa é uma tradição da Igreja Católica, com as datas mais importantes dessa religião, uma vez que se celebram a paixão,  a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Para os que professam o catolicismo, é tempo então de abstinencia, de reflexão, de renúncias e de oração.

Como iniciativa de nossa atual secretária de turismo, criou-se em 2011 o primeiro Festival Gastronômico - Azeite e Batata de Maria da Fé, que como o próprio nome sugere, tem o objetivo de promover dois produtos centrais de nossa economia, a já antiga e tradicional batata e o futuro e inovador azeite. Criticas à parte, a ideia foi genial, e sem sombra de dúvidas vem a somar um pouco a mais nossa lista de esforços para tornar Maria da Fé a tão sonhada cidade turística, como a muito se tem pretendido. Ou seja, é tempo de comes e bebes, de comemorações, de diversão e descontração.

 Mas a pergunta que ficou no ar foi: É possível reunir esses dois diferentes eventos, de grande importância, em uma mesma semana?
Evidentemente por ser feriado nacional, a Semana Santa propicia 4 dias de folga para nossos turistas que porventura possam passar por nossa cidade e conhecer nosso "azeite e batata", mas um evento desse porte também pode interferir nas solenidades que acontecem na igreja, e ao culto do "silêncio" como é pregado. 

Poderemos vender nossas culturas e costumes ao preço do "turismo"? 


Bato na tecla, de que o que realmente interessa ao turista não é a mercantilização de nossas produções e costumes, e sim a vivência dos mesmos, dos valores do simples distantes das grandes metrópoles.

Mas e o Estado Laico, e o direito de outras pessoas que não são católicas?

O tema em debate não trata-se de religiosidade propriamente dita, mas sim, ao respeito as crenças de nossos vizinho, trata-se portanto de Bom Senso. Não somos obrigados a frequentar, a crer, ou tomar para nós os preceitos daquela religião, mas como medida de boa convivencia, devemos por obrigação respeito a intimidade e a fé de nossos pares.

Mudar a data do evento, seria na minha opnião, estratégia muito útil, por propiciar não apenas uma data de valorização ao "turismo", mas sim duas. Porque não um turismo religioso? as solenidades dessa semana são muito bonitas, e intrinsecas a cultura de nosso povo.

Outro motivo da mudança é que, logo após a Páscoa e a Semana Santa, teremos outro feriadão nos dias 28,29 e 30 de Abril e 01 de Maio, que cumpriria tão bem, ou até melhor, a finalidade do evento com uma maior participação das pessoas da cidade e consequente de turistas no evento.

Acredito que a questão envolve muito mais que "um melhor dia de evento" ou "uma opressão da religiosidade de outros", mas sim de bom senso, e respeito a cultura e a história de nossa terra. Fica ai algum de meus pensamentos sobre o tema, e o de alguns amigos que compartilharam do debate no nosso grupo do facebook.


Égua Malhada
Égua Vegetariana