segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Um ano de "pasto de éguas"

O blog “O Pasto de Éguas” completou um ano de existência, (12/02) e é uma boa ocasião para fazermos um balanço sobre ele.

Foram vários os fatores que nos motivaram a criar este espaço.

A estática e a acomodação generalizada, nos fez pensar o quão bom seria um espaço democraticamente “limpo” e livre de interferências para promoção de debates sobre os interesses da cidade, usando a crítica consciente como ferramenta básica, para às vezes revoltadas, outras vezes humoradas formas de manifestações.

A analogia a famosa lenda da “praga do padre” -  que tem sua fundamentação nos boatos antigos -  nos traz o questionamento sobre a mentalidade anticrítica e conservadora de nosso povo, e a pergunta: será que ainda somos, e/ou sempre seremos um pasto de éguas?

Não somos mais a comunidade de 1912 (possível período da origem da lenda), e não devemos guardar ainda os injustificados preconceitos e retrações ao desenvolvimento humano-intelectual que as novas gerações potencialmente podem nos trazer.

O que se vê generalizadamente espalhado em nossa comunidade é a postura omissa de nossos cidadãos frente às arbitrariedades e ilegalidades cometidas, ano após ano, pelos diversos mandatários municipais, principalmente de uma “pseudo-elite intelectual”, figurinhas carimbadas há décadas nos diversos eventos sociais-culturais, que possuidores de boa formação intelectual, preferem por pintar Maria da Fé como um lugar idílico, a “Suíça alterosa, recanto ditoso de nossas vidas, de belas matas e montanhas rudes, de todos amada, muito querida” . Trata-se de uma omissão deliberada, consciente.

A crítica que sustenta nosso movimento recai no questionamento: quais os motivos dessa omissão generalizada?


Não existem verdades absolutas a se defender. Arriscamos em citar hipóteses como: a estreita relação de parentescos entre os moradores; o fato de sermos uma cidade pequena, onde todos se conhecem; e a preferencia generalizada da massa e de nossos “potenciais lideres” em fazer vista grossa para não entrar em atrito com parentes ou amigos de longa data.

A história de Maria da Fé não se desliga da história de nosso país, e dessa forma nos parece ainda vivo alguns traços de uma cultura de “servidão” e de “favores’” herança dos tempos do coronelismo, onde, até mesmo como sobrevivência, imperava a máxima “quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra”.

Os vinte anos de Ditadura Militar (1964/1985), cicatriz ainda recente de nossa história, também poderiam justificar o silêncio daqueles, que querem, mas não se expressam diante da possibilidade de represálias como era no governo militar. A herança do medo generalizado naquela época, ainda é visível, e lamentavelmente ainda hoje, impeditiva de novas movimentações e da liberdade de expressão. Frisa-se, que há quem defendeu o conservadorismo do movimento, e pregavam - e ainda pregam -  que a autoridade não deve ser questionada, por pior que seja.

Enfim, outros tantos motivos podem ser levantados sem conseguirmos encontrar de fato o “grande culpado” de nossa falência, porém, é fato que a esperança é flor que renasce da onde menos se espera, e se renova quando diante das mais duras realidades.

Acreditamos que não é necessário para mudar e melhorar a nossa cidade, como um lugar pacífico de se viver, ter uma consolidada formação acadêmica, ou ser herdeiro de uma tradicional família, ou mesmo ser possuidor de um considerável patrimônio econômico.

Para realizar as mudanças necessárias e boas para todos, precisamos apenas ser cidadãos, sem qualquer tipo de discriminação, conscientes de nossos direitos, e principalmente, de nossos deveres.

Oferecemos o blog como a ferramenta porta-voz do início dessa mudança que se faz visível nos rostos indignados, porém ainda tímidos, dos habitantes de Maria da Fé.

Foi uma agradável surpresa ver a receptividade que o blog teve durante todo o ano de 2011, e o poder dessa nova ferramenta de divulgação que é a internet. Estamos perto dos 100.000 acessos (o que não é pouca coisa, se levarmos em conta o número de habitantes da cidade), bem como nosso grande numero de contatos nas redes sociais, que nos permitiu dialogar e a receber criticas e sugestões de nossos leitores, mostrando além de tudo, que o Mariense tem sede por reformas político-sociais.

Também foi extremamente gratificante ver que, dia a dia, uma parcela cada vez crescente da população começa a mostrar sua insatisfação com as mazelas de nossa cidade.

Agradecemos de coração aos nossos colaboradores, que nos ajudaram nesse trabalho:
  • Égua Astronauta – Marco Tullyo Mariano
  • Égua da Terra – Silvana Mendes
  • Égua Deméter – Renata Bernardes
  • Égua Pocotó – Letícia Siqueira
  • Égua Signata – Renato Moraes
  • Égua Subversiva – Hélber Fernandes

Além da grande contribuição da Égua Pé de Pano, nosso fotógrafo oficial, e ao Genésio Fernandes (Toca das Pacas), pelos seus textos e pinturas.

Nossa homenagem também para outras Éguas que participaram do nosso blog, e por motivos ímpares, não puderem continuar, como a Égua Maximus e a Égua Herege.

Agradecemos também à Associação Fé e Cidadania, pela parceria firmada, e pelos grandes trabalhos solidários em prol da coletividade mariense.

E por fim, agradecemos a todos nossos leitores e esperamos que nosso grupo de adeptos cresça cada vez mais, e definitivamente, deixemos de ser o “pasto de éguas” que um dia alguém, não injustificadamente, denominou o nosso convívio.

Nosso sincero obrigado!

Égua Malhada  Jeferson Ferreira
Égua Vegetariana  Marcio Luiz Mendes