segunda-feira, 18 de julho de 2011

Os rumos do nosso turísmo

Dividir para conquistar ?

O Festival de Inverno de Maria da Fé deste ano teve, entre outras diferenças, a extensão e divisão do evento em duas semanas. Duas etapas ...

Mas a intenção era multiplicar ou dividir a atenção do evento ?

Diferente do que muitos esperavam, principalmente o comércio local, parece que o evento não reuniu tantos expectadores como o festival gastronômico, e ao meu contragosto, devo arriscar dizer que estamos abandonando o ideal de turismo anteriormente planejado, pelo imediatismo das idéias consumistas de uma promoção artificial e pouco solida de nossa cidade.

Antes de prosseguir com os fundamentos de meu ponto de vista, quero frisar a palavra estamos, porque embora planejado e executado pela gestão atual de nossa cidade, a responsabilidade pelo evento não é somente de um, mas de todos os membros do nosso município, e os erros de um ganham a firmeza das falsas verdades, quando refletem o silencio dos maiores interessados, que sem dúvidas é o povo.

Barracas, piso de madeira, uma variedade imensa de patrocinadores, música, comida, chop ...

E aonde foi parar o turismo ?

Concentramos a atenção em um único ponto da cidade, construído a base de dinheiro público, para sustentar e vender produtos que não são da cidade, num reflexo um pouco mais fraco e um pouco mais longo do que foi o festival gastronômico.

Dois dos grandes artistas da cidade, de grande sucesso, que ajudaram em muito a fomentar o turismo de nossa cidade, nesse Festival, não foram nem citados nos folders de divulgação, faço referencia a Domingos Tótora e Leonardo Bueno.

A igreja matriz, símbolo da fé e da cultura local, arquitetura e arte de inestimável valor turístico, simplesmente foi excluída do roteiro desse festival.

Ai vem as minhas perguntas: O que estamos vendendo? O que estamos planejando? O QUE SOMOS E O QUE ESTAMOS QUERENDO SER?

Desculpem minhas palavras, e a injustiça da sonoridade delas... Mas estamos a caminho do FRACASSO turístico da nossa cidade.

O problema, sob o meu ponto de vista, não está na qualidade do que temos, mas da forma como estamos nos organizando para atingir nossas pretensões de sucesso.

Digo isso, porque o Festival de Inverno de Maria da Fé (Arte e Design), não é um evento qualquer, e o cuidado e atenção no seu planejamento, deixa de ser uma opção, e passa a ser uma necessidade.

Afinal de contas, estamos querendo ser uma CIDADE turística? ou apenas um EVENTO turístico?

Temos que olhar para o objetivo final do que é ser uma cidade turística, e o que isso significa para o município. O que com certeza, pode ser a injeção de capital em nossa economia, gerando o desenvolvimento e progresso.

Mas será que só esse pensamento é suficiente? Gerar renda? A que custo?

Para trazer a atenção do turista, é preciso oferecer o que ele procura...

E o que ele procura? Quem é o turista que vem para nossa cidade?

Essas perguntas só irão ser respondidas quando, estabelecermos o que estamos dispostos a oferecer!

A grande tendência mundial é o incentivo a sustentabilidade, e a expectativa de qualidade de vida e auto-suficiência sócio-cultural são palavras chaves para o que, na minha opinião, o turista possa vir e encontrar na nossa cidade, desde de que, comecemos já a trabalhar para o melhor futuro do nosso turismo.

Para não ser injusto, cabe ressaltar os pontos positivos do evento, o que não deixa de ser um começo daquilo tudo que quis transparecer na minha crítica.

Embora o “time” não estivesse completo, os trabalhos dos artistas da oficina Gente de Fibra e do artesão João Paulo, representaram bem, e com muita qualidade o potencial artístico dos marienses, além é claro, os pequenos artesanatos exposto na feira artes di Maria, que merece nossa atenção e incentivo. Sem falar, dos trabalhos da oficina Cabeça de Frade, que embora não nascidos marienses, construíram sua oficina em nossa cidade, o que sem dúvida contribui ainda mais na divulgação de nosso turismo.

Entendendo a complexidade nessa discussão e a extensão de seu alcance, deixo aberto para dizer, que existem muitos outros pontos para analisarmos, e que precisamos juntos, trabalhar para corrigir os eventuais erros e avançar rumo ao maior interesse da cidade.

Grande abraço a todos

Égua Malhada