sábado, 20 de agosto de 2011

Descomplicando o voto de legenda

Toda eleição é assim: você vê um candidato bem votado, mas que não entrou por causa da legenda. E outro, menos votado que ele, que entra. A maioria não entende a razão de tudo isso, mas é muito mais fácil de entender do que vocês podem imaginar.

O Brasil adota o sistema de voto proporcional para eleição de vereadores, deputados estaduais e federais. O que significa? Significa que, se determinado partido (ou coligação) tiver, por exemplo, 10 % dos votos, ele terá 10% das vagas na Câmara. Ou seja: a ideia desse sistema é que você vota no partido e não na pessoa. Tanto que é possível votar apenas no partido, sem indicar candidato.

Para exemplificar, vamos citar o exemplo de Maria da Fé em 2008. Foram computados 9710 votos válidos para vereador. Para saber o mínimo de votos que um partido (ou coligação) deve ter, divide-se esse total de votos por 9, que é o número de cadeiras na Câmara Municipal: 9710 : 9 = 1079 votos.

Três legendas não conseguiram eleger vereador, pois tiveram menos que 1079 votos. São elas:
Vamos Reconstruir Maria da Fé - PSB/PSL: 771
PDT: 315
PP: 305

(Aí entra um cálculo complicado de sobre o que é feito com esses 1391 votos, que não convém me estender neste post. )

Em seguida as nove vagas da Câmara Municipal de Maria da Fé passaram a ser distribuídas às seguintes legendas, em proporção aos votos obtidos:

Governar é Trabalharmos Juntos: PTB/PV: 1994 votos - 2 vereadores (Big Boy e Antonio da Alface) ;
Força Popular de Maria da Fé: PMDB/PRB: 1933 votos - 2 vereadores (Jean Batista e Toninho Professor);
Nova Geração: DEM/PPS: 1769 - 2 vereadores (Valdecy Boy e Paulinho da Lagoa);
PR: 1510 - 2 vereadores (Zé Márcio e João Carlos);
PSDB: 1113 - 1 vereador (Ciso).

Conclusões:

1. Aí está o motivo da fidelidade partidária. Atualmente, se o vereador trocar de partido, ele perde o mandato, pois foi eleito não apenas com os seus votos, mas com os votos de toda a legenda.

2. É triste admitir, mas a gente sempre depara com algum candidato sem a menor condição (por diversos motivos) de ser eleito e que você se pergunta: "Como que deixaram sair candidato? Quem vai votar nele?". Mas se somar os votos de vários candidatos com poucos votos, faz uma boa diferença para a legenda.

3. Notem que os partidos sempre convidam pessoas com família numerosa pra serem candidatos, para puxar voto para a legenda.

Perguntar não ofende:

Os vereadores marienses de um mesmo partido votam de forma parecida?

Égua Vegetariana