terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sem medo de falar de política

Era uma vez uma simpática cidadezinha no alto da serra, onde todos viviam felizes. As casas, em sua maioria, tinham muros baixos e portões pequenos. Podia-se até deixar os carros estacionados na madrugada, que nada acontecia.  O cultivo da batata garantia prosperidade a todos. Havia um time profissional de futebol que fazia lotar as arquibancadas. O clube da cidade oferecia seus bailes de carnaval que eram frequentados pelo que havia de melhor na sociedade. Era símbolo de status exibir a carteira verde de sócio-proprietário ou a carteira amarela de sócio-dependente. A principal festa, realizada em agosto, trazia os cantores mais populares de seu tempo e as famílias compravam suas mesas para assistir aos shows. As escolas públicas lá existentes eram de excelente qualidade. Havia uma banda de música organizada pelo pároco, que chegou até a se apresentar nas rádios da capital. O prefeito era uma pessoa da mais alta reputação moral e governava num ambiente de relativa paz com os vereadores, recrutados entre o que havia de melhor na sociedade. 

Num belo dia, tudo ficou diferente. Os muros das casas foram aumentando de tamanho. Os crimes passaram a acontecer com mais frequência: além de roubos às casas, a cidade passou a abrigar tráfico de drogas e assassinatos, inclusive praticados por menores.  O time profissional deixou de existir e as raras pessoas que vão às arquibancadas do estádio têm a visão privilegiada não de uma partida de futebol, mas de um ginásio poliesportivo em ruínas. O cultivo da batata entrou em crise: vários empresários rurais se endividaram de forma irreversível. Alguns ainda tentaram ostentar os bens que possuíam na época de fartura, mas não enganavam mais ninguém. Os trabalhadores tiveram que deixar o campo e procurar emprego na cidade vizinha. A orgulhosa terra da batata havia se transformado numa cidade-dormitório.

Com a crise da batata e sucessivas más administrações fizeram  com que clube da cidade ficasse estagnado por mais de duas décadas, somente voltando a ter melhorias recentemente. No entanto, os memoráveis bailes de carnaval ficaram na recordação. Enquanto cidades do mesmo porte possuíam clubes com piscina, sauna e quadras, o clube local se restringe a uma sede de eventos e um campo de futebol. Desconheço se ainda tem quem pague mensalidade. 

A Festa de Agosto, não obstante os esforços dos festeiros e da SSVP, entrou em franca decadência. Os artistas top passaram a dar lugar a cantores desconhecidos. Não se pode deixar de registrar que, com o declínio, a Festa de Agosto passou a ser mais democrática, com gente de todas as classes sociais podendo entrar no Vicentão. O mesmo pode ser dito do ensino público: se por um lado a qualidade caiu vertiginosamente, por outro lado, ampliou-se o acesso às camadas mais humildes. 

O prefeito ético e eficiente faleceu dias antes de entregar o cargo ao seu sucessor. Os prefeitos que vieram depois nunca conseguiram ser unanimidade.

Diante desse quadro, parece que a praga do Pe. José Augusto pegou: Maria da Fé se tornou um pasto de éguas.

A finalidade desse blog é discutir as causas dos problemas de Maria da Fé e possíveis soluções. Inspiramos nosso trabalho em outros blogs políticos, como o Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, o Viomundo, de Luiz Carlos Azenha e o blog de Luis Nassif. Queremos, sempre que possível, acrescentar alguma dose de humor.

"O PASTO" procura também preencher um vazio que existe no nosso debate político. Já estamos no século XXI e infelizmente muitos marienses têm dificuldade de separar crítica política de inimizades pessoais e isso gera dois extremos: por um lado, há aqueles que têm consciência de tudo o que ocorre em MF, mas evitam fazer críticas por receio de criar inimizades e acabam pintando Maria da Fé como um reino encantado; por outro lado, há aqueles que realmente transformam as divergências políticas em inimizades pessoais e quase sempre conduzem o debate político para o lado da baixaria. Repudiamos quaisquer dessas atitudes.

"O PASTO" quer mostrar sua independência não apenas com críticas, mas também tendo coragem de elogiar eventuais ações positivas das mesmas pessoas que tivermos criticado anteriormente ou de algum governo com baixa popularidade.

Finalmente, fazemos questão de mostrar nossa abertura para divulgar as posições de quaisquer correntes políticas de Maria da Fé, seja da do atual prefeito ou de seus opositores, inclusive por meio de entrevistas.

Égua Vegetariana